quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ponto de desequilíbrio


O determinismo social existe e exerce fortíssima influência na conduta do ser humano. È uma força que age no inconsciente de forma despercebida. Como uma doença que aparece de repente, sem aviso prévio. Não há o que se fazer para evitar o determinismo na personalidade. 
O livre arbítrio não tem como se expressar. Todos os caminhos já foram traçados. Pode-se até tentar mudar de direção, mas só enquanto o consciente tem condições de operar. Mas, ocorre que, o inconsciente aparece a todo instante e é nele que o determinismo se instala. Logo, não há o que escolher, não há com que lutar, não tem armas que possam enfrentar um inconsciente tirano.
O ser humano não é um ser material. O que existe é apenas a forma, porque de conteúdo o que há é um vazio. O ser é o reflexo do não ser. O não ser é assim porque o determinismo social deixa o ser numa homogeneidade humana. O que o ser acredita que é nada mais é do que a sociedade em diferentes pontos de vista em momentos específicos.
O que resta é o copo de vinho. O sangue de cristo entorpecido pelo álcool sagrado. A religião que traz sentido ao real por amparar-se no ideal. A distancia que separa o infinito pela proximidade da morte.  O mosquito que vence a gravidade. A lágrima que veio da fonte mais profunda da alma a escorrer pelo gelo cristalino da luz.
E a ilha que se afoga da imensidão do mar em frene a uma tela LCD.

domingo, 29 de maio de 2011

Não somos quem pensamos ser

Representamos diversos papeis sociais na sociedade. Mas não representamos papeis nenhum em relação a nós mesmos, quando nos encontramos sozinhos, fica difícil saber se ainda podemos ter escolhas individuais. Toda escolha que fazemos tem que ser desempenhada em algum lugar na sociedade. Por isso não podemos ter uma escolha individual. Nossas escolhas estão determinadas pelo que pensamos sobre o papel que devemos representar. Uma roupa, um tipo de alimentação, uma forma de falar, uma forma de portar-se. Participamos sempre de um censo coletivo, que descrevem normas, que nos influenciam e nos criam necessidades, desejos, vontades.

O nosso livre arbítrio é o de escolher o já escolhido. Nós não fabricamos e nem criamos nada, não fazemos o que vamos querer para nós. Apenas nos é apresentado, em determinada cultura, o que é aceito e o que é ensinado para nos trazer felicidade, alegria, satisfação, conforto, segurança e até a forma de amar vai depender do contexto social. Portanto, a nossa subjetividade não é algo que só aquele indivíduo tem, mas sim o que ele pode guardar pra si mesmo, o que ele pode pensar sem que, no entanto as outras pessoas saibam.

A nossa individualidade não é fruto de escolhas auto-suficientes. O circulo social em que escolhemos, já foi determinado, pela família que nos deram as bases de pensar, pela ideologia da escola que nos instruiu, pelos programas de TV que assistimos e pelos livros que lemos, ou seja, por tudo aquilo que conduziu nosso modo pensar. Logo concluímos que somos apenas consciência coletiva.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A busca do saber




O meu mundo possui algo de enigmático. Eu observo tudo cautelosamente como se fosse da primeira vez; espanto-me com imagens que eu vejo desde sempre; é como se aquilo que vejo fosse apenas uma pequena parte do todo, alcançável apenas pelos meus órgãos sensoriais; eu olho, mas não vejo. Todos os fins de tardes eu dou uma caminhada pelo quintal de minha casa, olho para cima e vejo o sol já a esmorecer-se, aí eu me inquieto, vasculho, percorro o olhar em todas as direções, percebo que existe algo a descobrir, no céu ou em mim; no observador ou no objeto observado. È a minha intuição, escuto a sua voz muda nos meus ouvidos: a tua sensibilidade te engana e te esconde a essência daquilo que tu analisa. Pare. Pense. Desconstrua-se. Liberte-se.

sábado, 16 de abril de 2011

EU, O LIXO E O VALE




O que eu sou não importa mais, não consigo mais me reconhecer em meio a tantos reflexos, a tantos feixes de luzes que incidem fortemente em mim. Eu sou pré-determinado por lixo, sobrevivo do que não serve mais para os outros e incinero–me todas as noites.

Todas as manhãs sinto-me limpo, suave e cristalino. Ao meio dia já estou espirrando da poeira formada por cada partícula do conhecimento inútil que absorvo na faculdade. À noite já estou vomitando do fétido odor que emana do meu cérebro morto, ele apodrece sendo roído pelos mesmos vermes que roeram os corpos de Jesus e Hitler.

Eu só me reconheço quando detecto algo de estranho em  mim, sei o que sou por eliminação, mas ou eu elimino tudo ou não elimino nada. Sou um dilema, as vezes vazio, cheio, metade, misturado, selecionado. O que está em construção é indefinível e só vou saber o que sou na hora da morte: infinito.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Pra não entender, só entendendo.


Existem dias em que estou transbordando de idéias, infinito é então o meu pensamento, mas a ironia decorre de que quando estou assim, eu sinto uma apatia para escrever, é como se eu não quisesse por pra fora o que me passa pela cabeça nesses momentos. Já hoje, é um dos dias mais comuns para se escrever, eu fico olhando para essa folha em branco e não sei o que pensar, ou sei e não quero pensar.

Está chovendo lá fora e a temperatura esta um pouco baixa essa manhã, são os primeiros passos do bebê inverno, para muitas pessoas é um dia bom pra dormir, mas para minha mente que é bastante explosiva, não me traz tranqüilidade, então tenho que procurar algo pra me ocupar. Estou agora escrevendo não sei o que, não sei por que e não sei pra que...
Nada disso é compreensível, eu sei, mas sei também que quando não entendo nada é porque entendi tudo. È isso mesmo, isso não é uma contradição de expressões, mas apenas expressões contraditórias. Talvez seja uma loucura, se for é ainda melhor, pois assim ficarei tranqüilo de saber que está tudo normal. Dependendo do ponto de vista, pode-se enxergar o que está confuso, é só pensar de forma confusa, é só desordenar o pensamento. Dadaísmo? Talvez, só assim da pra entender o mundo!

Está muito tenso lá fora, talvez tenhamos uma terceira guerra mundial, e eu estarei aqui sentado, em guerra literal com as palavras que estão prestes a explodir em minha cabeça. O mundo está um caos, parece que ele não quer ficar em ordem, parece que a ordem é uma desordem. Toda vez que assisto um jornal eu sinto pancadas, eu tenho cortes, eu ganho uma cicatriz.

domingo, 20 de março de 2011

As perguntas e os milagres




Existem perguntas que nos inquietam, porque viemos ao mundo? é uma delas. Nem no último dia de minha vida quereria eu saber a resposta pra ela, essa é uma pergunta que não nos leva a nada, somente satisfazer uma mera curiosidade.

Estou vivo e é isso que me importa, talvez, essa pergunta seja feita pela insatisfação em que as pessoas são vítimas delas mesmas. A humanidade se feriu pelo bumerangue egoísta que ela própria arremessou... E agora, temos celulares, computadores, mp3s e ainda temos tempo pra nos perguntarmos: porque viemos ao mundo? Eu não preciso saber pra que estou aqui pra me satisfazer, me basta somente respirar o ar sereníssimo das manhãs frias nos sertões; sentar no quintal de minha casa, sentindo as pancadas intermitentes do vento á me balançar de um lado pro outro; poder sentir o cheiro entorpecente da chuva chegando em um dia de muito calor; de poder ver o nascer e o pôr do sol sinalizando o início e o fim, contidos em todos os seus círculos; escutar a música entrando pelos meus ouvidos e vibrando em meu coração. E, o que me deixa mais satisfeito é saber que eu posso pensar nisso tudo e ainda escolher no que me é digno de pensar.

È bem mais útil se perguntar: O que fazemos do mundo? O que fazemos com quem faz algo que não gostamos que fosse feito com o mundo? Essa reposta me deixou completamente decepcionado e esperançoso, decepcionado porque ela me fez prever o futuro, e esse futuro é a completa destruição; esperançoso porque sempre que consigo olhar pro futuro, o simples gesto de olhar muda todo o resto. Guerras santas e mundiais, nazismo, fascismo, terrorismo, ódio, ganância, egoísmo, Egito, Líbia... E ainda existem aqueles que acreditam que estamos evoluindo... Pode até ser que sim, caso as portas do céu se encontrem nos porões do inferno.

È preciso andar, “se não sabemos pra onde ir, qualquer lugar serve”. Existem perguntas que só nos servem como justificativa para a nossa inércia, e devem, portanto, ser evitadas, caso tivermos alguma chance, se alguém vier nos salvar de nós mesmos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

MELHOR AMIGO, ÚNICO IMPARCIAL: O ESPELHO




O espelho. Ninguém melhor pra dizer quem sou eu. Um dia desses, encontrei a mim mesmo em outro tempo, em uma fotografia, aquele meu olhar chamou a atenção. Sonhos, esperanças e vôos, um grande bater de asas. Eu achava que o mundo esperava algo de mim. Hoje, me encontrei diante do espelho e me perguntei: o que ainda resta do menino ítalo? O que se criou do ítalo homem?

Dois lados da mesma moeda e nenhuma máscara. Foi assim que me senti quando vi a minha alma refletida no espelho. Aquele menino que queria transformar o mundo ainda estava lá, mas eu tinha me esquecido dele. Coitado, estava esquecido e encoberto pela ilusão dos ideais fúteis, ideais esses de prazeres rápidos, de consumos e veneração aos impérios capitalistas de nosso século --- multinacionais e shoppings --- resgatei então meus antigos sonhos, revivi meus medos e renasci minha coragem. Voltei a olhar pro futuro de uma forma diferente e aprendi que tudo depende do ponto de vista, eu só vou achar o que eu quero ver. Agora, estou olhando para outra direção, estou pisando em outro solo, vou enfrentar muitas tempestades e muito sol, mas vou brotar as mais cheirosas e belas flores; os mais suculentos e doces frutos. Voltei a ter os olhos do menino ítalo, imaginei um mundo melhor e agora vou fazer minha parte. Que venha então, os dias que virão!

O que eu vi no ítalo de agora, foram os três pilares para um homem ser feliz segundo Aristóteles: Auto-estima, ausência de stress e amizades. Um sentimento imenso de bem estar, varreu-me o corpo o todo como uma onda de energia imaterializada quando me olhei no espelho. Eu sempre tentei ver além da minha imagem e nunca tinha conseguido, talvez porque lá no fundo eu não queria ver mesmo, mas agora eu vi: “o invisível nos salta aos olhos”, vi os meus dois lados e dei um sorriso como há tempos não sorria, vi o claro e o escuro, senti o bem e o mal. Vi também que um desses lados preponderava e controlava o outro. Percebi então que meus melhores amigos são assim também, porque segundo Platão, quem tem a bondade, reconhece a bondade que prepondera no outro. Percebi que minha auto-estima tem mais haver com meu espírito, do que com meus aspectos físicos, por isso, ela esta sempre em alta. Percebi que raramente tenho stress porque minha consciência está sempre leve, despreocupada e confiante.

Nada melhor do que ter coragem para se olhar dentro do espelho, ele sempre diz a verdade, talvez para alguns cause dor, principalmente para quem usa máscaras, mas para outros talvez cause alegria, principalmente para quem se mostra nu.